Dessa vez eu quero abordar um assunto que vejo muito pouco por aí, mas que julgo muito importante: as formas de usar o prato de condução e as diferentes sonoridades que ele nos possibilita.

Marca registrada do jazz, o prato de condução é normalmente acionado quando precisamos dar um pouco mais de preenchimento na levada, quando os outros instrumentos aumentam o número de notas ou a potência e nós, de alguma forma, precisamos dar um ganho no groove através de um sustain maior que o chimbal não alcança.

Na hora de comprar o Ride, ou prato de condução, eu defendo fortemente que façamos um investimento alto – claro, se isso for uma possibilidade –, porque ele é sem dúvida nenhuma o prato que temos à nossa disposição mais rico em timbres diferentes que obtemos dependendo da região e da forma como o golpeamos com a baqueta.

Nesse post em duas partes, quero apresentar de uma forma bem didática algumas maneiras de explorarmos esse prato em suas diferentes regiões, bem como a dinâmica entre elas.

Na primeira parte vou explicar os três tipos diferentes de toque que vamos usar e a notação que eu adotei, assim como apresentar alguns exercícios básicos de coordenação e articulação. Na Parte II, pretendo apresentar essas mesmas ideias, porém aplicando-as à grooves mais avançados.

Lembre-se, o importante aqui não é a velocidade, mas a sonoridade e a consistência. Procure tocar grooves sólidos, dentro do tempo e com uma sonoridade adequada e, é claro, use o metrônomo.

 

 Os três níveis de dinâmica – conhecendo a superfície do Ride:

partes do ride

O corpo do prato: Essa é a forma mais comum de usar o prato de condução. Tocamos com a ponta da baqueta no corpo do prato entre a borda e a cúpula (ver imagem). Poderíamos subdividir essa parte em outras, afinal, essa área é bastante grande. No entanto, por questões didáticas, ficaremos com a seguinte regra: quanto mais próximo da borda tocamos, mais o prato vai abrir e, consequentemente, maior será o sustain (duração) do som. Quanto mais nos aproximamos da cúpula, por sua vez, menor será o sustain. Use seu bom-senso e musicalidade para decidir onde você deve tocar. Nos exercícios optei por representar essa forma de tocar com um ”X” na linha superior do pentagrama.

A cúpula do prato: A cúpula é a parte mais alta do prato, bem ao centro. Tocando nela, produzimos um som cortante, quase sem sustain e com muito ping (um “piiin”). Claro, isso depende muito de cada prato – existem os rides flat, que não possuem cúpula. Para esse toque normalmente usamos não a ponta, mas o corpo da baqueta na cúpula do prato, gerando assim mais volume. Em alguns casos, podemos usar a ponta, aproveitando a característica do som com um pouco menos de projeção. Nos exercícios, o toque de cúpula aprece representado por um triângulo invertido.

A borda do prato (crash): Por fim, podemos também tocar na borda do prato usando o corpo da baqueta, obtendo um crash, um som bem próximo do prato de ataque. Alguns pratos abrem com mais facilidade que outros quando tocados dessa maneira e esse toque é, sem dúvida, um dos fatores que me faz escolher entre um ride e outro, dependendo do estilo musical que eu estou tocando. Nos exercícios esse toque aparece representado da seguinte maneira: (X)

 

Exercícios

 

Nesses primeiros exercícios, mantemos o mesmo groove, mudando apenas a região e a maneira de golpear o prato, para que aqueles que são novos com esses conceitos dominem cada um dos toques. Lembre-se de preocupar-se com a sonoridade e de golpear o prato exatamente como descrito acima (corpo ou ponta da baqueta e região do prato a ser tocada)

ride 1

Agora, passamos a articular essas três formas de tocar. Primeiro, um compasso em cada superfície:

ride 2

E agora, variando a superfície dentro de um mesmo compasso. A sonoridade agora começa a ficar realmente interessante:

ride 3

Nesses dois últimos exemplos, preste atenção no crash do tempo 1 Saber ir do crash para a cúpula e vice-versa será essencial para a segunda parte desse post:

ride 4

É isso aí, eu espero ter ajudado e me coloco à disposição para quaisquer dúvidas. Bons estudos e até a próxima!

 

Pedro Alvez

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Texto publicado originalmente no Blog do Baterista.

 

 

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